quarta-feira, 24 de junho de 2015

O ANTICRISTO DE NIETZSCHE




Em defesa do HOMEM é necessário, 
exterminar com a fé


Por Edjar Dias de Vasconcelos

Nietzsche faz uma análise do Cristianismo, e compreende  a fé como uma maldição do homem sua reflexão, a religião particularmente, o cristianismo, não ajuda ao desenvolvimento humano.

Portanto, para Nietzsche Deus é o grande mal ao processo civilizatório, pois mecanizado no cristianismo leva a destruição da humanidade, favorecendo ao comportamento de fraquezas.

A maldição da fé se efetiva subjulgando o homem, a uma situação de inferioridade cultural, leva ao homem assimilar suas derrotas como virtudes transformando em uma realidade benéfica imaginária. Com efeito, irreal do ponto de vista praxiológica, acreditar em Deus é optar pelo atraso, a destruição do processo civilizatório.

O homo sapiens precisa libertar de Deus para poder atingir sua maior idade, a fé nega o que há de melhor na vida a liberdade, o prazer como   fonte da felicidade.

No entanto, ao ler o título do livro muita gente pensa, que Nietzsche deseja destruir Jesus Cristo. No entanto,  não é o seu objetivo, pelo contrário, o cristianismo nunca assumiu o que realmente Cristo pregava.
 Entretanto, assumiu uma concepção helênica mitológica da fé, um platonismo mistificado, a negação desse mundo, é muito mais uma concepção filosófica de Platão que do Cristo crucificado.

Para Nietzsche é necessário destruir o helenismo platônico, a filosofia da resignação, não tem sentido abandonar esse mundo, como realidade material fútil como pensara Platão, em razão do verdadeiro mundo, que para o cristão seria o paraíso.

Para Nietzsche não existe outro mundo, a não ser o mundo do planeta terra, imaginar outro mundo, simplesmente loucura da cultura grega paga.  Motivo pelo qual o cristianismo é a representação da tragédia humana.

Nietzsche refere a outras religiões, como sendo superiores ao cristianismo, entanto, sabemos que tal análise não é verdadeira. O filósofo está essencialmente preocupado em ironizar o cristianismo como algo incomparavelmente ruim, uma tragédia, que prejudica o desenvolvimento da humanidade.

Para Nietzsche, o cristianismo não ajuda desenvolver a sociedade. Ele não deseja destruir o cristianismo por ser ateu, ao atacar a natureza do cristianismo a sua preocupação é destruir algo cuja essência, visa tão somente prejudicar a humanidade.

Nietzsche entende o cristianismo como uma doença psicológica, identificada em sua análise o conceito do bem  e do  mal e reflete tais conceitos no cristianismo, como a perversão da humanidade.  Deus no cristianismo não tem função útil ao mundo ocidental.

É necessário que ocidente tome consciência, não deixe a tragédia dominar a sociedade,  pois a fé trava qualquer desenvolvimento político e econômico, e, sobretudo, impossibilita ao homem de atingir a própria superioridade.

Qual a finalidade da religião,  expor eternamente a humanidade ao atraso, seu permanente fracasso, com a fé não se construi uma civilização.  Motivo pelo qual chama o cristianismo como doença social e psicológica.

Em defesa do homem é necessário, exterminar com a fé. Ele deixa claro, fala com objetividade a crença em Deus é tão somente produto de Loucura. Deus não existe,  acreditar em sua existência, não é apenas alienação, entretanto, o mais absoluto delírio.

Portanto, Nietzsche declara, o cristianismo é uma mentira inventada,  não existe Deus, muito menos paraíso ou inferno, a única coisa que existe é a vida real no mundo, prejudicada nas relações sociais e políticas.

Com efeito, declara Nietzsche, a mentira é a grande maldição, não poderia ter existido algo pior para humanidade que a invenção do cristianismo.

Desse modo, Nietzsche grita em bom grado, precisa ser extirpado a maldição, libertar a interioridade da humanidade, eliminar o instinto da vingança no plano ideológico, a perda da vida real como compensação ideológica de outro mundo, substanciado no delírio.

A crença em Deus,  a eterna mancha da humanidade, contra si mesma, então Nietzsche deixa claro,  necessário negar o cristianismo e superar o paganismo platônico.

O grande problema da humanidade, o cristianismo intrometeu em tudo, transformando o homem em fraco, medíocre, incapaz de transformar a si mesmo, e, desse modo, à sociedade política.

Recusa o atendimento aos instintos saudáveis, para viver a vida doente como compensação, a fé levou ao homem a ser corrompido pelo entendimento incorreto das coisas.  O cristão é cego, vive a vida como realidade transviada.

Culturalmente inferior, uma vida sem valoração, sem procedimento ético, padrões comportamentais transviados, a espécie sapiens não tem futuro com o cristianismo,  na história civilizatória.

No entanto, o Nietzsche que ataca o cristianismo,   preserva Cristo, sendo que a religião  utilizou  apenas sua nominalidade e não a sua exegese praxiológica.

Nietzsche achava Jesus Cristo, um espírito livre e avançado, que superou a pequenez da humanidade.
Com efeito, o cristianismo fundado em seu nome, usou sua nominalidade, ainda equivocadamente, pois seu nome real,  nunca fora Jesus Cristo, no entanto Joshua de Abar.





PLATÃO - CARD




sexta-feira, 29 de maio de 2015

CORA CORALINA - ESCRITORA



Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.

Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.

Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende." 


Os versos que você acabou de ler são de autoria de Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a Aninha, como a poeta se autorreferiu no título do poema. Conhecida como a autora dos versos que representam um pouco da história da Cidade de Goiás, no estado de Goiás, Cora Coralina ficou nacionalmente conhecida, ganhando o respeito de poetas como Carlos Drummond de Andrade, que foi o grande responsável por despertar o interesse do público nacional para a escritora até então conhecida apenas regionalmente.




BIOGRAFIA

Cora Coralina , pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985), é a grande poetisa do Estado de Goiás. Em 1903 já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado, juntamente com duas amigas, em 1908, o jornal de poemas femininos "A Rosa". Em 1910, seu primeiro conto, "Tragédia na
Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina. Em 1911 conhece o advogado divorciado Cantídio Tolentino Brêtas, com quem foge. Vai para Jaboticabal (SP), onde nascem seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias, Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência. Seu marido a proíbe de integrar-se à Semana de Arte Moderna, a convite de Monteiro Lobato, em 1922. Em 1928 muda-se para São Paulo (SP). Em 1934, torna-se vendedora de livros da editora José Olimpio que, em 1965, lança seu primeiro livro, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Em 1976, é lançado "Meu Livro de Cordel", pela editora Cultura Goiana. Em 1980, Carlos Drummond de Andrade, como era de seu feitio, após ler alguns escritos da autora, manda-lhe uma carta elogiando seu trabalho, a qual, ao ser divulgada, desperta o interesse do público leitor e a faz ficar conhecida em todo o Brasil.



Sintam a admiração do poeta, manifestada em carta dirigida a Cora em 1983:

"Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...)." Editado pela Universidade Federal de Goiás, em 1983, seu novo livro "Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha", é muito bem recebido pela crítica e pelos amantes da poesia. Em 1984, torna-se a primeira mulher a receber o Prêmio Juca Pato, como intelectual do ano de 1983. Viveu 96 anos, teve seis filhos, quinze netos e 19 bisnetos, foi doceira e membro efetivo de diversas entidades culturais, tendo recebido o título de doutora "Honoris Causa" pela Universidade Federal de Goiás. No dia 10 de abril de 1985, falece em Goiânia. Seu corpo é velado na Igreja do Rosário, ao lado da Casa Velha da Ponte. "Estórias da Casa Velha da Ponte" é lançado pela Global Editora. Postumamente, foram lançados os livros infantis "Os Meninos Verdes", em 1986, e "A Moeda de Ouro que um Pato Comeu", em 1997, e "O Tesouro da Casa Velha da Ponte", em 1989.
Texto extraído do livro "
Vintém de cobre - Meias confissões de Aninha", 
Global Editora — São Paulo, 2001, pág. 174.







OPINIÃO
O amor na velhice

Por: Olympia Salete Rodrigues

   
A Cora Coralina que todos conhecemos: aquela mulher que se descobriu poeta já bem velhinha, depois de uma vida de luta, inclusive com um casamento desastroso que ela carregou corajosamente e, só após a morte do marido, conseguiu se ver em sua enorme e verdadeira dimensão, como mulher e como poeta.

segunda-feira, 9 de março de 2015

BARUCH SPINOZA - FILÓSOFO



Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: -“Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.

“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí, é onde eu vivo e aí, expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar por tua vida miserável: eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho…, não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir.Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.

Se eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é a única coisa que há aqui e agora, e a única que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre.Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse, como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado a oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste?… O que aprendeste?…

Pára de crer em mim- crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

SIMONE DE BEAUVOIR - ESCRITORA



Em 1943, a escritora Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir estava pronta para o mundo. Publicou então seu primeiro romance, A Convidada. Em 1944, O Sangue dos Outros. Além dos romances, ela se dedicava também aos ensaios filosóficos e, alguns anos mais tarde, às memórias. 


Apesar de ser sempre a melhor – ou segunda melhor – aluna da classe, a formação conservadora não conseguiu aplacar os desejos de liberdade da jovem Simone. Aos 13 anos, ela estava decidida a se tornar escritora. Simone, adolescente, começou a escrever diários e tentativas de romances. Aos 14 anos, deixou de acreditar em Deus, embora fizesse dessa descrença um segredo para a família e as colegas do Cours Désir. Aos 15, Simone tem sua primeira paixão: seu primo Jacques. A família desejava o casamento, mas aos poucos ela percebe que a relação – que nunca chegou a se configurar como um namoro – não teria futuro.





"Querer ser livre é também querer livres os outros."
Simone de Beauvoir





Seus livros enfocavam os elementos mais importantes da filosofia existencialista, revelando sua crença no comprometimento do intelectual com o tempo no qual ele vive. Na obra A Convidada, de 1943, ela aborda a degeneração das relações entre um homem e uma mulher, motivada pela convivência com outra mulher, hóspede na residência do casal. Uma de suas publicações mais conhecidas é Os Mandarins, de 1954, na qual a escritora flagra os intelectuais no período pós-guerra, seus esforços para deixarem a alta burguesia letrada e finalmente se engajarem na militância política.